Aos 70 anos e 5 dias, ex-Presidente do Brasil Jair Bolsonaro se torna réu por tentativa de golpe de estado; e fala frase emblemática sobre as Eleições 2026: ¨Se não for o Jair concorrendo vai ser o messias¨


A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) tornou réus, nesta quarta-feira (26/03), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete aliados no âmbito da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado durante e depois das eleições de 2022. Os ministros da Primeira Turma, que julgaram o caso, foram unânimes na decisão.


A partir de agora, será instaurada a ação penal de fato. Com a instauração, dá-se início a uma série de trâmites e audiências. Serão ouvidas, por exemplo, as testemunhas de acusação e testemunhas de defesa.


A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta cinco crimes atribuídos a Bolsonaro, todos relacionados a um plano para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).


O ex-presidente é acusado dos seguintes crimes:


Organização criminosa armada;

Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;

Golpe de Estado;

Dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima;

Deterioração de patrimônio tombado.

Caso seja condenado, Bolsonaro pode pegar até 39 anos de prisão, segundo as atuais leis do Brasil.


Entenda as violações:


Organização criminosa armada


Na denúncia apresentada pela PGR, o ex-presidente foi acusado pelo crime de “liderar organização criminosa armada”.


Segundo a legislação brasileira, esse crime se configura quando quatro ou mais pessoas se associam, de forma estruturada e com divisão de tarefas, para a prática de infrações penais.


De acordo com a denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet, a legislação brasileira prevê agravamento da pena se na atuação da organização criminosa houver emprego de arma de fogo e se o indivíduo exercer função de comando na organização.


A PGR destaca que o plano de golpe dos acusados envolvia o uso de armas para matar o ministro Alexandre de Moraes.


“O plano se desdobrava em minuciosas atividades, requintadas nas suas virtualidades perniciosas. Tinha no Supremo Tribunal Federal o alvo a ser ‘neutralizado’. Cogitava do uso de armas bélicas contra o Ministro Alexandre de Moraes e a morte por envenenamento de Luiz Inácio Lula da Silva”, diz trecho da denúncia.


Quem integra, financia ou promove uma organização criminosa está sujeito à pena de reclusão de 3 a 8 anos, além de multa.



Abolição violenta do Estado Democrático e Golpe de Estado


A denúncia sustenta que o grupo tentou suprimir o regime democrático e destituir o governo eleito por meio da violência e grave ameaça.


Ambos os crimes estão em uma lei que pune ataques contra a democracia e que foi sancionada pelo próprio Bolsonaro em 2021, durante seu mandato à frente da Presidência da República.


O projeto foi aprovado pelo Congresso e revogou a Lei de Segurança Nacional (LSN), remanescente da ditadura militar, para incluir no Código Penal novos tipos de ilícitos voltados à proteção do Estado Democrático de Direito.


Entre os crimes previstos na lei, estão:


abolição violenta do Estado Democrático de Direito: tentativa de suprimir o regime democrático por meio de violência ou grave ameaça. Pena de quatro a oito anos de prisão.

golpe de Estado: tentativa de destituir um governo legitimamente constituído por meio de violência ou grave ameaça. Pena de quatro a 12 anos de prisão.

Dano contra o patrimônio da União


A denúncia da PGR também relaciona o ex-presidente aos ataques de 8 de janeiro de 2023 contra as sedes dos Três Poderes da República, em Brasília. Na ocasião, milhares de pessoas invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo.


“O episódio foi fomentado e facilitado pela organização denunciada, que assim, por mais essa causa, deve ser responsabilizada por promover atos atentatórios à ordem democrática, com vistas a romper a ordem constitucional, impedir o funcionamento dos Poderes, em rebeldia contra o Estado de Direito Democrático”, afirma a denúncia do procurador-geral da República.


Ainda segundo a denúncia, a depredação e destruição dos prédios teria gerado prejuízos estimados em mais de R$ 20 milhões.


O crime de dano ao patrimônio público ocorre quando alguém destroi, inutiliza ou deteriora bens e serviços pertencentes ao Estado. A pena prevista para esse crime é de detenção de seis meses a três anos, além de multa.


Deterioração de patrimônio tombado


Para o crime de Deterioração de patrimônio tombado, a denúncia da PGR segue a mesma lógica do anterior, de relacionar Bolsonaro aos ataques de 8 de janeiro.


Mesmo sem participação direta nos atos de vandalismo, a PGR sustenta que Bolsonaro deve ser responsabilizado por ter incentivado acampamentos em frente a quarteis e não ter atuado para desmobilizar os manifestantes.


A denúncia destaca que Bolsonaro e aliados mantinham contato com os acampamentos e reforçavam a narrativa golpista, o que teria contribuído para a radicalização dos atos de 8 de janeiro.


“O resultado trágico dos eventos de 8 de janeiro, cuja índole golpista já foi assentada pelo Supremo Tribunal Federal, por conseguinte, não pode ser dissociado das omissões dolosas desses personagens denunciados” complementa a denúncia.


O crime de deterioração de patrimônio tombado está previsto na Lei n. 9.605, de 1998, com pena de reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou, na primeira entrevista, após ter se tornado réu, nesta quarta-feira (26/03), que exista outra opção para concorrer à Presidência da República em 2026.


“Se não for o Jair vai ser o Messias. Quer um terceiro nome? Bolsonaro”, respondeu o ex-mandatário ao ser questionado por jornalistas em Brasília. Alusão a um novo salvador, e a redenção da direita, contra os opositores atuais: Alexandre de Moraes, Lula, e Haddad. Que estão caindo no jogo do movimento do Falso Grande Despertar. A queda desses vai ser impactante quando ocorrer.


Bolsonaro está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (STF), que é questionada por ele. O ex-presidente foi condenado duas vezes por abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação durante as eleições gerais de 2022, quando concorreu à reeleição.


O ex-chefe do Executivo, contudo, continua referindo a si mesmo como candidato para o pleito de 2026.


Ao participar de um podcast na segunda-feira (24/03) ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o ex-presidente voltou a mencionar o assunto, dizendo que só “passaria o bastão” depois de morto. 

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